Hélio Rocha comemora hoje 90 anos de história e 70 de magistério

Hélio Rocha
Divulgação

Se Manuel Bandeira e José de Oiticica estivessem vivos ficariam orgulhosos com a carreira de Hélio Rocha, ex-aluno do tradicional Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1941, onde os ilustres nomes da língua portuguesa eram professores. De lá para cá, o professor criou colégios, faculdades, cursos e foi mestre de várias gerações. De tanto empenho pela propagação do conhecimento são justas as homenagens pelo aniversário dos 90 anos de Hélio Rocha. Nesta terça (07), um livro e um documentário serão lançados.

O legado de Hélio Rocha está na filosofia, história e pedagogia da Bahia. Junto aos seus filhos criou a Sociedade Integral de Ensino, composta pelo Curso e Colégio Integral, propagando sua visão pedagógica. “Através destas instituições de ensino damos continuidade ao processo educativo que foi passado pelo professor Hélio Rocha, mantendo a sua linha pedagógica e filosófica”, atesta Luiz Rocha, filho do educador e diretor do Colégio Integral.

No calendário de homenagens, ocorreu uma sessão especial para os 90 anos de vida do educador e seu legado no desenvolvimento da educação na Bahia, na Câmara dos Vereadores de Salvador, proposta pelo vereador Henrique Carballal. Esta foi a segunda vez que o professor receber uma homenagem da Câmara. Em 12 de dezembro de 2000, foi conferido a Hélio Rocha a Medalha Tomé de Souza.

No dia 7 de maio, a partir das 18h30, no Teatro Eva Hertz, na Livraria Cultura do Salvador Shopping, acontece o lançamento do documentário e do livro. O vídeo tem 60 minutos e é dividido em três partes: Formação intelectual (quais os fatos sociais que contribuíram para sua formação); Atuação como professor/mestre (incluindo a passagem pela Faculdade Nacional de Brasília) e promotor cultural (Revista Afirmação).

O documentário, que tem a direção do renomeado cineasta Cícero Bathomarco, é conduzido pelo professor Hélio Rocha que conta sua história de vida, juntamente com outros grandes nomes da nossa cultura como José Nilton Carvalho (acadêmico titular da Academia Baiana de Educação), Orlando Sena (cineasta, escritor e professor), Ciro de Matos (advogado e escritor) e Haroldo Lima (político e engenheiro).

Já o livro, batizado de “Pensamentos do Professor Hélio Rocha”, tem textos selecionados que foram feitos em diversos momentos do panorama educacional e politico do Brasil. Artigos como “Didática dos que nos ensinam. Didática dos que aprendem”, “Informação sem formação é deformação”, ” Descubra e assuma seu tipo de inteligência”, “O Professor, o Educador, o Mestre. - Três categorias nobres, porém distintas” e “Ser aluno não ser estudante” compõem a obra.

Reminiscências – Nascido em 1923, em Salvador, Hélio Rocha fez curso primário em escolas particulares da cidade. Em 1936, fez o Exame de Admissão para o Ginásio da Bahia onde realizou o curso ginasial de cinco anos conforme a lei de então. Enquanto cursava o Ginásio da Bahia, dedicou-se, também, ao ensino particular de alunos que se preparavam para fazer o rigorosíssimo Exame de Admissão.

Em 1941, foi residir no Rio de Janeiro. Fez o curso clássico no conceituado Colégio D. Pedro II, onde foi aluno do notável poeta Manuel Bandeira e de José de Oiticica “magister dixit” da língua portuguesa, famosíssimo na época devido à publicação da “Teoria do Complemento” na Sintaxe Portuguesa. Este período propicia sua ida frequente às conferências da Academia Brasileira de Letras, permitindo o forte convívio com as celebridades literárias da época.

Em 1941, foi residir no Rio de Janeiro. Fez o curso clássico no conceituado Colégio D. Pedro II, onde foi aluno do notável poeta Manuel Bandeira e de José de Oiticica “magister dixit” da língua portuguesa, famosíssimo na época devido à publicação da “Teoria do Complemento” na Sintaxe Portuguesa. Este período propicia sua ida frequente às conferências da Academia Brasileira de Letras, permitindo o forte convívio com as celebridades literárias da época.

Em 1943, fez o vestibular na Faculdade Nacional de Filosofia (Curso de Ciências Sociais). Nesta prova apenas oito alunos foram selecionados, um deles o hoje professor Hélio Rocha. Foi aluno de professores célebres como Djacir Menezes, verdadeira enciclopédia em Sociologia, de Jacques Lambert, professor parisiense, que lecionava em francês e de Luís Aguiar Costa Pinto, baiano, radicado no Rio e já celebridade em Sociologia. Neste curso surgiu a sua determinação de lecionar Sociologia.

Em 1947, ainda no Rio de Janeiro, Hélio Rocha faz uma palestra representando os jornalistas do Brasil para o casal Juan e Eva Peron, que voltava da Europa de navio. De 1948 a 1950, ligado aos Centros Culturais da Juventude, passou três anos fazendo palestras desde Manaus até Porto Alegre, na época dos extremismos ideológicos que combatia intensamente, estimulando as referências culturais brasileiras. Escreveu vários opúsculos contra o totalitarismo. Sempre católico e defensor de um nacionalismo cristão.

Hélio Rocha retornou à Bahia em 1956, convivendo ao lado do Professor Milton Santos durante dois anos. Foi uma fabulosa influência e renovação intelectual. Em 1960 casou-se com D. Antônia Lúcia Souza Rocha, com a qual teve três filhos naturais e dois filhos adotivos, e que completariam 50 anos de casados, não fosse o recente falecimento da esposa. Nesta ocasião, Hélio Rocha dirigiu a Revista Afirmação na qual escreveram nomes, hoje, de destaque nacional e intelectual, como Caetano Veloso, Capinam, Haroldo Lima, Cyro de Matos, entre outros.

Em 1968, foi convidado para lecionar na UnB, juntamente com Machado Neto e Carlos Costa, formando um grande time de baianos nas disciplinas de ciências políticas, filosofia da história, sociologia da educação, etc. Nesta oportunidade, Hélio Rocha foi convidado, também, por Dom Clemente Silva Nigra para compor sua equipe no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) funcionando no próprio Ministério de Educação. Foi o momento dos convívios intelectuais com as celebridades da época, como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o célebre Afonso de Taunay, historiador dos bandeirantes paulistas etc.

Ainda em 1968, com o fechamento da UnB pelos militares, retornou à Bahia e começou a lecionar nos mais destacados cursos pré-vestibulares de Salvador, nas disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Português e Redação, além de lecionar na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Católica de Salvador, na Faculdade de Sociologia e na Faculdade de Economia da Bahia. Em 1974, fundou o Curso e Colégio Nobel que viria a ser a maior instituição educacional particular da Bahia com quase 10.000 (dez mil) alunos.

Em 1985, fundou a Sociedade Integral de Ensino, composta pelo Curso e Colégio Integral, juntamente com seus familiares, retomando a sua “visão pedagógica”, e mantendo-se firme e éticonos 28 anos que se seguiram até hoje.

Atualmente, Hélio Rocha faz conferências, escreve artigos e ensaios das suas especialidades nas várias publicações do Colégio Integral, todas envolvendo o processo de conscientização dos educandos e dos educadores.

São 70 anos de magistério, assistindo ao desfile das gerações, das reformas e do pensamento pedagógico, mas com uma grande certeza: todo aluno é uma carta que precisa chegar ao endereço certo para não ser extraviada. O professor é este mensageiro que garantirá a sua entrega.